

Quando se fala hoje do estágio edipiano, todo mundo sabe praticamente do que se trata. Para aqueles que têm algumas lacunas, eis uma versão resumida.
Entre o 4º e o 5º ano de idade, a criança é levada a perceber melhor as relações que unem o pai e a mãe. O que Freud chamou em 1910 de complexo de Édipo se baseia na organização de seu amor pelo pai do outro sexo e o estabelecimento de hostilidade pelo pai do mesmo sexo (LAPLANCHE, J. & PONTALIS, J.). Assim, num menino, a atração pela mãe tem sua contrapartida na hostilidade com relação ao pai somada ao mesmo tempo ao medo de ser punido pela castração. Essa angústia da castração se fundamenta na interpretação pela criança, que percebe a ausência do pênis na menina, de algumas ameaças parentais. Na menina, menino potencial que foi punido sendo castrado, o afeto que dinamiza a situação edipiana não é a angústia da castração, mas o desejo do pênis. Esse desejo a leva a afastar-se da mãe para aproximar-se do pai, cujo desejo de criança ela fantasia, suprimindo assim uma ausência que não julga inata, mas adquirida.
É por identificação com o pai do mesmo sexo que as crianças saem do conflito edipiano. Aproximar-se do pai pelo menino, e da mãe pela menina, é ter introjetado o interdito do incesto, ter tomado consciência de que, a partir de então, a vida deve desenrolar-se no exterior do campo familiar e por fim, ter estabelecido um superego que seja a garantia dos interditos necessários à vida social.
Na prática, tranqüilize-se: você não pode acabar com o estágio edipiano. Quando seu filho tem 4 ou 5 anos e começa a usar fórmulas assassinas do tipo: "Você é má, papai é bom", quando essas frases são ditas o dia inteiro transformando você em divindade bizarra, quando o impede de ter uma conversa íntima com seu cônjuge pretextando seja o que for, enfim, quando você vê seu ciúme à flor da pele, não precisa ter dúvida: seu filho está neste estágio.
Trecho do livro: Comunique-se com seu filho de 0 a 5 anos - Antoine Alaméda
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