COMENTÁRIOS

Queridas mãe,

É sempre um prazer receber e compartilhar seus comentários à respeito dos post x suas experiências e dúvidas, todos sempre são publicados com muito orgulho, mas peço um enorme favor : NÃO MENCIONEM MEDICAÇÕES em seus comentários pois não poderei publicar. Não somos médicas e sim mães. Somente um médico pode receitar medicamentos e às vezes um remédio que é excelente para uma criança não faz efeito em outra podendo causar mais danos do que melhora.
Sei que posso contar com a compreensão e ajuda de vocês.

Obrigada por acreditarem nas minhas palavras e por compartilha-las.

Bj

Vivian Braunstein

PARA REFLETIR

Uma vez Fernanda Montenegro respondeu à Marília Gabriela que ser mãe é não dormir nunca mais. Concordo e acrescento: ser mãe é não parar de se preocupar nunca mais. Toda mãe é um pouco médica para cuidar, um pouco engenheira para construir com Lego, um pouco escritora para inventar histórias na hora de dormir, um pouco professora na hora de ensinar e muito mãe na hora de amar.







domingo, 26 de julho de 2009

Eu quero !!!!!!!!

Foto: Grosby Group - 12/12/2008 - Suri Cruise

Quem ainda não se deparou com esta situação: Seu filho dentro de uma loja abraçado a uma caixa de algum produto como se fosse a última caixa de comida do mundo gritando “me compra, eu quero !!!!!!!!!” ?

Ou ainda: sentado à frente da televisão chamando por você quando passa a propaganda de algo que ele quer ?

Pode ser uma marca de bolacha, um salgadinho, um brinquedo, um livro uma roupa. Não importa. A criança aprende a consumir cada vez mais cedo.

Um terço da culpa é dos pais que acabam cedendo com mais facilidade para compensar as ausências, ou por terem vergonha dos ataques histéricos dos filhos dentro da loja ou até mesmo para compensarem a frustração de não terem tantas ofertas quando eles eram crianças. Outro terço da culpa é dos meios (televisão, internet e ponto de vendas) muito mais acessíveis e atraentes e o último terço é dos próprios filhos. Crianças, principalmente com menos de 6 anos, são superficiais, egocêntricas e imediatistas, o que faz com que desejem tudo o que vêem sem entenderem realmente para que precisam daquilo. É uma combinação explosiva de criança buscando autonomia e testando os pais, sendo super-estimulada pela mídia e recebendo em troca o que deseja, por causa da consciência pesada dos pais ou pela falta de paciência deles em sustentar a negação.

Então como conciliar o sim e o não e o que deve ser permitido ou negado ?

Esta é talvez a tarefa mais difícil na criação: a imposição de limites. É a partir de como os pais trabalham os limites que a criança moldará seu comportamento futuro. Muita permissividade cria adultos sem senso de realidade e respeito ao próximo e rigor ao extremo gera adultos frustrados que não se consideram merecedores de nada.

É importante lembra que na primeira infância a criança só consegue entender um ou dois atributos por vez, por isso é preciso cautela ao dialogar. Se você contar uma história muito complexa, ela não entenderá o seu ponto de vista e continuará pedindo tudo que vê.

Uma saída é a troca, ou seja um condicionamento com reforço positivo.

Exemplo: se a criança não quer se deitar no horário estipulado e fica “enrolando”, você pode fazer uma tabela com os dias da semana e cada vez que ela deitar-se no horário leva uma bolinha azul e quando ela não se deitar no horário leva uma bolinha vermelha. No final do período (mínimo 15 dias, caso contrário fica muito fácil) somam-se as bolinhas. Se a criança tiver mais bolinhas azuis ganha o presente que deseja.

Outra forma de fazer é desenhar uma escada e cada vez que a criança cumprir o horário uma estrelinha sobe um degrau, cada vez que descumprir, desce. Quando a estrelinha chegar ao topo a criança ganha o presente.

Nas duas formas é muito importante estipular os prazos e deixar as regras bem claras antes de começar a contagem, para que o condicionamento não perca credibilidade.

Desta forma a criança aprende que existem compensações, aprende a esperar e a escolher com um pouco mais de critério. É similar ao esperar para ganhar de dia das crianças ou de Natal de antigamente.

Sou particularmente defensora do respeito ao gosto dos filhos, que são indivíduos como nós. Não adianta querer vestir roupa azul se ele gosta de verde, mas também acredito na importância de colocar limites, pois existem coisas que não devem ser negociáveis. Elas são necessárias para que a criança cresça entendendo que existem certas obrigações que não podem deixar de ser cumpridas.

Enxergo três momentos diferentes na educação de um filho:

1. Condicionamento básico sobre educação e cidadania como não jogar papel no chão e dar a descarga. São conceitos que devem ser passados como naturalidade para que a criança incorpore à sua vida e se tornem ações automáticas.

2. Ações não negociáveis sobre saúde e higiene como tomar remédio e banho. Se não quiser vai na marra. Se vomitar toma outra dose.

3. Ações negociáveis que envolvem gosto pessoal. A negociação deve ser boa para ambas as partes. E neste caso entra atender ou não à alguns pedidos e a imposição de limites.

Consumir faz parte da sociedade em que vivemos. É a partir do que se consome que se mostra quem se é e a qual grupo se pertence, porém é preciso ensinar critérios desde cedo para que a criança torne-se um adulto consciente daquilo que consome.

Com crianças um pouco maiores é uma ótima oportunidade de ensinar a lidar com valores, poupar para comprar, etc, mas crianças de até 6 anos ainda não estão maduras neurologicamente para compreender operações muito complexas, por isso o condicionamento pode ser de grande ajuda. O importante no final é ter coerência entre o que se fala e o que se faz para não confundir a cabecinha delas.

Bjs e boa sorte

Vivian Braunstein

domingo, 12 de julho de 2009

Retenção escolar – Parte 2


Para entender este artigo é preciso ler primeiro o da semana passada.

Como algumas mães me escreveram contando sobre seus filhos, que ficaram retidos pela idade mesmo estando aptos à alfabetização ou sobre os que passaram sem estarem prontos e precisaram refazer o 1º ano, resolvi pesquisar mais um pouco.

Acredito ter deixado bem clara a minha posição sobre ser extremamente louvável a idéia do governo em aumentar um ano no ensino fundamental principalmente para os alunos da rede pública. Com esta medida espera-se que a criança ao ingressar na escola ainda na fase do lúdico, tenha uma vivência agradável do ensino evitando-se assim a evasão no futuro, pois é muito melhor “pegar o gosto” quando o brincar ainda é mais importante do que no momento da obrigação.

Nas escolas particulares a coisa é um pouco diferente, pois a maioria das famílias coloca seus filhos por volta dos 3 anos e desta forma o ensino pode ser estruturado acompanhando-se o desenvolvimento neurológico da criança, principalmente em estabelecimentos que vão da pré-escola ao ensino médio, onde há coesão na linha do projeto pedagógico ao longo da vida da criança.

O que delimitou a faixa de ingresso no ensino fundamental foi a deliberação CEE nº 73/2008 que coloca a idade de 6 anos completos até 30/06 como limite.

Conversei com uma pedagoga para entender essa limitação e ela me explicou que os alunos em curso não serão retidos simplesmente pela idade, e sim aqueles que ingressarem na escola a partir de 2009. (Isso também não fica muito claro na deliberação)

Não tenho nada contra a retenção, desde que seja feita usando-se como critério o desenvolvimento neurológico da criança e sua capacidade em ser alfabetizada, e não a data de nascimento da criança dentro do mesmo ano. Relembrando ainda que o MEC recomenda que as atividades do primeiro ano não sejam uma “transferência” das atividades da antiga 1º série, e sim um período de transição da educação infantil para o ensino fundamental. Ou seja, em lugar nenhum se recomenda a alfabetização no 1º ano. Segundo a pedagoga com quem conversei, não está em nenhuma lei, mas muitas escolas trabalham com o ciclo de alfabetização que inicia-se no primeiro ano e termina no 3º ou 4º dependendo do projeto pedagógico da escola. Ela também comentou que às vezes tem crianças mais novas com maturidade para alfabetização e maiores que ainda não estão maduras.

Acho que este assunto ainda dará muita discussão, mas continuo acreditando na avaliação individual feita em conjunto entre escola e pais, pois não existe criança padrão.
Espero ter esclarecido algumas dúvidas de vocês.

Bjs e boa semana.

Vivian Braunstein

domingo, 5 de julho de 2009

Retenção escolar antes do primeiro ano


Ao procurar uma nova escola para meu filho esta semana me deparei com uma informação que desconhecia. CRIANÇAS COM 6 ANOS COMPLETADOS À PARTIR DE 01 DE JULHO FICARÃO RETIDAS NO ÚLTIMO ANO DA EDUCAÇÃO INFANTIL, pois o ingresso ao primeiro ano só será permitido a quem completar 6 anos até 30 de junho.

Obtive esta informação em 4 escolas de primeira linha na cidade de São Paulo, com a justificativa de que era uma nova lei e as escolas tem até 2010 para se adequar. Como meu filho cairá nesta “malha fina” e não sou uma pessoa que se conforma muito com retrocessos, a não ser que muito bem justificados, fui investigar.

Encontrei as leis 9394/1996; 11.114/2005 e 11.274/2006 sobre educação, que regulamentam as novas diretrizes escolares e que aumentam o ensino fundamental (6 a 14 anos) de 8 para 9 anos. Mas não encontrei nenhuma referência ao semestre de nascimento da criança. O que achei foram vários sites e blogs que analisam as leis e que deixam claro que seu intuito é aumentar a permanência escolar sem causar rupturas ou traumas ao processo de aquisição do aprendizado. Também fica claro nesta discussão que não se trata de “baixar” o ingresso à antiga primeira série, onde se dava o início da alfabetização e sim criar uma ponte entre a pré-escola e o ensino fundamental.

É claro que esta medida foi tomada para dar um pouco mais de condições às crianças que freqüentam a escola pública, pois se não é obrigatório, muitos pais não matriculam seus filhos. Infelizmente esta é a realidade do nosso país, onde a população carente nem sempre tem compreensão da importância do ingresso dos filhos na escola.

A idéia é super válida, mas as escolas particulares parecem ter definido algumas regras que sinceramente não encontrei. Aliás estão completamente em oposição ao pretendido pelo MEC, que mostrou intenção em fazer a criança se interessar pela escola e não o contrário.

Se ela tem maturidade suficiente para seguir porque ficar retida? De onde saiu esta data de 30 de junho como limite? Se alguém souber favor me avisar, pois realmente não encontrei.

O que achei foi um power point com as explicações do MEC e o blog de um assessor jurídico de Recife afirmando que se a criança tiver 6 anos incompletos, mas maturidade suficiente, deve ir para o segundo ano, sem cursar obrigatoriamente o primeiro. Conheço pais de alunos de escola pública que conseguiram isso.

Outro “gato” que está acontecendo na prática é que as escolas estão afabetizando no primeiro ano, ao contrário do sugerido pelo MEC. O que pareceu é que a lei oficializou o antigo pré-primário, mas as escolas “puxaram” um ano. O que isso reflete na prática?
Muitas crianças ainda não estão aptas a serem alfabetizadas com 6 anos (independente de serem do primeiro ou segundo semestre) e a experiência do primeiro ano vira uma angustia para elas, para os pais e para a própria escola.

Meu conselho a todos que tem filhos entre 4 e 5 anos com aniversário no segundo semestre é que conversem com a coordenação pedagógica da escola aonde seu filho estuda e verifique como a lei está “afetando” a escola. Algumas já estão separando as turmas no último ano para evitar rupturas bruscas.

Por mais que a escola “jure de pé junto” que a criança se adapta bem, nem sempre isto é uma realidade. Até os 7 anos ela está formando seus conceitos e sua personalidade e consegue absorver um ou dois atributos por vez. É mais ou menos como se sua compreensão fosse em 2D enquanto a de uma adulto é em 3D. Por isso é muito importante a parceria pais-escola na definição de qual a melhor solução individual, a fim de preservar o bom desenvolvimento da criança para que este fato não se torne um problema mais para frente.