Esta semana apresentei a monografia de conclusão do meu MBA, falando sobre personagens e consumidor infantil. Foi um início de semana tenso, mas compensador, pois tiramos 10.
Gostaria de agradecer a todos que de alguma forma colaboraram para tornar este sonho realidade. Às amigas do grupo que se dedicaram brilhantemente, à nossa orientadora, às profissionais da banca por seus comentários pertinentes e construtivos, aos amigos queridos que colaboraram com a pesquisa, àqueles que mesmo não tendo filhos pequenos torceram e nos apoiaram mas principalmente gostaria de agradecer ao meu marido e filho que suportaram até que bem as minhas ausências.
Estou feliz e quero compartilhar com vocês um pouco da influência que estes misteriosos seres em 2D podem exercer sobre as crianças. Em nossas pesquisas constatamos que vários profissionais sérios da área de psicologia e pedagogia já se renderam aos personagens de animação por constatarem (através de pesquisas de campo) que sua influência é mais benéfica do que maléfica.
A criança, ao entrar na fase da fantasia, por volta dos 3 anos, identifica-se com os personagens bons, mesmo que eles usem de pequenas trapaças para conseguir se defender. É o caso do Pica-Pau. Assim como vários pais, sempre acreditei que fosse um personagem antiético e maldoso, mas um estudo da LAPIC (Laboratório de pesquisa sobre a infância, imaginário e comunicação ECA – USP) conduzido por Elza Pacheco concluiu que a criança não enxerga a violência e sim a vitória do pequeno sobre o grande através da astúcia.
Muitas mães não acreditam que os personagens tragam benefícios aos filhos, mas se dosados, podem sim ajudar a construir uma relação mais segura com o mundo real. Que criança não acordou no meio da noite com medo de algum tipo de monstro? Ter um super-herói ou um príncipe à mão para acalmá-la pode ser uma boa pedida.
E a dificuldade em passar a criança do berço para cama ? Um lençol do Barney não ajudaria ? Esta foi a principal motivação que me conduziu a este tema.
É muito difícil argumentar algumas coisas com a criança, pois na fase de oposição ela simplesmente não quer ouvir. Alguns estudiosos do comportamento afirmam que os condicionamentos são muito mais fáceis quando o reforço é positivo e não negativo, por isso a criança responde melhor ao estímulo “se comer ganha o chocolate depois” do que “se não comer, não ganha o chocolate”. Existem psicólogos e pedagogos que não concordam, mas na prática é muito mais fácil convencer a criança através de gratificações do que através de palavras.
Vamos criar seres consumistas ? Talvez, mas tudo na vida funciona a base de trocas. Podemos até trabalhar naquilo que gostamos, mas o fazemos pela remuneração. Não estou aqui para julgar a sociedade em que vivemos, nem tenho base para isso, mas para tentarmos tirar melhor proveito dela a fim de termos uma vida feliz e criarmos filhos que se adaptem da melhor maneira possível neste mundo cada vez mais maluco em que vivemos.
A fase da fantasia existe, e pode atingir a criança em maior ou menor grau, dependendo da influência que sofre da família, amigos e das mídias. A melhor forma de lidar com ela é direcionando seu filho pelo caminho que você acredita ser o correto. Alguns pais estimulam mais e outros menos. O que não se deve fazer é proibir ou ignorar. É importante se fazer presente aproveitando o gancho para introduzir os seus conceitos de valores.
Em oito meses de estudo sobre este assunto me deparei com autores que acreditam no uso de audiovisual (desenho animados e programas educativos) em sala de aula e outros que reprovam totalmente estas técnicas.
Acredito que como tudo na vida, se a fantasia for estimulada na dose certa, pode conduzir sim a criança à fase adulta de uma forma mais tranqüila, mas qual é esta dose irá depender da criança e do meio aonde está inserida.
Cabe aos pais encontrar este ponto de equilíbrio e aplicar no dia a dia, pois os personagens são uma realidade na vida da criança e por mais que você não acredite ou estimule, ela dará um jeito de tê-lo por perto, nem que seja somente em sua imaginação.
Bjs e obrigada
Vivian Braunstein
Nenhum comentário:
Postar um comentário