Ultimamente não tenho muito tempo para nada, mas cada vez que ligo a TV nos canais abertos aparece um “Datena da vida” relatando casos de violência contra crianças e adolescentes. Acho que começou mais forte com o caso da Isabela Nardoni e como deu IBOPE, estes telejornais sensacionalistas continuaram explorando o assunto. Não gosto deste tipo de exploração, mas convenhamos é um tema que precisa ser exposto e discutido, pois a violência contra as crianças precisa acabar. É inadmissível que alguém queira ter domínio total sobre uma criança. Aliás, é inadmissível alguém que queira ter domínio sobre qualquer ser humano.
Para quem ainda não entendeu: crianças são pessoas !!! Tem personalidade própria desde que nascem e merecem ser respeitadas como tal. É claro que em pouca idade testam os limites e às vezes a paciência dos pais, mas merecem toda atenção, carinho e amor. É obrigação dos pais ou responsáveis dar cuidados e proteção àqueles que ainda não tem maturidade para cuidarem-se sozinhos.
Quando os pais negam estes cuidados, por falta de atenção ou interesse, quando as punições são severas demais, ou quando os parentes se acham tão donos das crianças que podem fazer com elas o que bem entendem até mesmo abusando sexualmente, causam danos físicos e psicológicos, na maioria das vezes irreparáveis, que se traduzem em desequilíbrio emocional na fase adulta ou pior na morte da criança.
Segundo os Conselhos Tutelares de todo o país, as denúncias de violência contra crianças somaram 186.415 registros, de 1999 a 2008. Pelo Disque 100, sistema telefônico implantado em 2003, são 54.889 registros de casos por negligência ou agressão física e psicológica, sendo 242 seguidos de morte. Já o Laboratório de Estudos da Criança (Lacri), da USP, que acompanha as denúncias através de diversas fontes e em todo o país, foram registradas 532 mortes entre 2000 e 2007. Ainda segundo o Lacri, somente 10% dos abusos são denunciados (fontes: Ministério Público Federal e Jornal O Globo).
Vocês devem estar se perguntando, os porquês. A resposta infelizmente é simples e dolorosa. A maioria dos casos de violência contra criança é praticada por conhecidos: pais, parentes, agregados e amigos da família em ambientes supostamente seguros, como a residência e a escola. O que acontece, é que a criança não entende os atos como agressão, pois são praticados por seus modelos comportamentais, e acabam não falando o que está acontecendo. Foi o que aconteceu com Isabela. Ela adorava o pai e não “entendia” as agressões que sofria como abusos. Então como identificar se a criança está realmente sendo mal tratada?
Todos os artigos que pesquisei relatam a dificuldade em identificar a violência. Somente em casos de infecções e febre é que a maioria dos pais leva as crianças ao hospital e os médicos detectam os sinais da violência. Professores estão sendo treinados para detectar as agressões, mas e as crianças que não vão à escola ?
Com certeza crianças apáticas, sem brilho no olhar, sem vitalidade, que não brincam, não se sociabilizam e que tem medo de tudo são prováveis vítimas, mas é preciso cuidado, pois nem sempre é assim. Estes também são sintomas de doenças psicológicas que não tem nada a ver com maus tratos.
O que é certo é que a violência contra a criança acontece no mundo todo e em todas as camadas sociais e é nosso dever fazer alguma coisa para diminuir isso. Torno a repetir, uma criança tem que ser cuidada com amor e carinho, para que se transforme num adulto que tratará suas crianças com amor e carinho num circulo virtuoso e não num circulo vicioso de agressão e maus tratos. Só assim seguiremos para um mundo realmente melhor.
Boa semana
Vivian Braunstein