Ao ter um filho, o casal deve estar consciente de que uma criança (que não pediu para vir ao mundo) precisa de amor, proteção, educação e regras para crescer saudável e tornar-se um adulto equilibrado.
Hoje é cada vez mais comum a participação do pai na criação dos filhos e está cada vez mais claro que um ambiente familiar estruturado promove crianças psicologicamente saudáveis. Na teoria tudo é lindo, mas na prática nem sempre as coisas funcionam desta forma.
Com a evolução da sociedade e as conquistas femininas, a mulher adquiriu independência financeira e perdeu o medo de separar-se quando o casamento não está mais dando certo; o que traz uma nova realidade familiar : A de uma criança com duas casas.
Escutei recentemente de um pai, que na maioria dos casos de divorcio, o homem casa-se novamente e tem outros filhos constituindo nova família. Então, como proceder para que este processo não crie problemas emocionais futuros ?
Primeiro é preciso entender o que acontece na cabeça da criança quando ocorre a separação : Antes dos 6/7 anos ela é egocêntrica e acredita ser sua a culpa do fracasso do relacionamento dos pais. Se estiver na fase edipiana, piorou, pois vê seus desejos se tornarem realidade. Muitas vezes ela regride nas conquistas da autonomia, torna-se agressiva ou introspectiva, “pegando as dores” do cônjuge que parece ter sido abandonado (principalmente se o outro casar-se logo).
É necessário muito cuidado para ajudá-la a superar a ruptura de uma relação parental. Primeiro, é preciso ter em mente que o casal deixou de ser marido e esposa, mas jamais deixará de ser pai e mãe e a criança deve ficar sempre de fora das negociações e brigas judiciais, afinal ela não tem nada a ver com a relação homem-mulher dos pais.
Como na maioria dos casos de separação, a guarda dos filhos fica com a mãe, o pai não deve sumir (ele separou-se da esposa e não deles), mantendo uma rotina de encontros (estabelecida pelo ex-casal ou juiz) e obrigando-se a cumpri-la. A pior situação para uma criança é ficar sentadinha, pronta, esperando por um pai que não aparece, ou que aparece dias depois com uma desculpa esfarrapada. Importantíssimo : por mais que os adultos recomponham sua vida, não podem esquecer que seu filho (a) faz parte dela e que devem ter tempo em suas agendas para ele (a). O mesmo vale para situação inversa, quando a guarda é do pai. Filhos precisam sentir-se queridos, independente de quantas casas tenham.
É importante também, que a imagem dos pais seja preservada, pois continuarão a ser o modelo de comportamento, por isso nada de falar mal do outro, nem bagunçar a vida das crianças, mesmo que estejam em litígio. Isso não ajudará nas negociações do divorcio e aumentará a angustia delas, que terão que conviver com o dualismo entre o amor e ódio que os rodeiam no momento.
Muitas mães abrem mão da sua felicidade em prol dos filhos “traumatizados”, mas segundo especialistas, a recomposição da família em conseqüência de um segundo casamento pode ser benéfica já que traz uma nova reconfiguração familiar. Porém padrasto e madrasta não devem interferir em decisões exclusivamente parentais como assuntos escolares e médicos. Este tipo de interferência é muito comum, afinal trata-se de um assunto pessoal do cônjuge. Cuidado ! Por mais amor que um padrasto ou madrasta possa ter pelos filhos de sua parceira ou parceiro; quando a criança tem pai e mãe vivos a responsabilidade é deles. Cabe aos primeiros auxiliarem na educação e modelo de comportamento, principalmente porque os sentimentos da criança são ambíguos em relação a eles. Ao mesmo tempo em que sente afeição, acredita estar “traindo” seu pai /mãe por estar substituindo alguns momentos felizes que poderia estar passando junto com ele (a).
Não é fácil separar-se quando existem outras vidas envolvidas, e por isso, muitos casais mantêm-se juntos mesmo desejando secretamente estarem separados. Apesar do turbilhão de sentimentos conflitantes que aparecem com uma separação é preciso entender que as crianças precisam de serenidade e atenção para superarem esta etapa de suas vidas e seguirem com suas conquistas de forma saudável e equilibrada.
Referências :
Mil dicas para entender seus filhos de 0 a 7 anos -Harry Ifergan e Rica Etienne
Manual de mães e pais separados - guia para a educação e a felicidade dos filhos - Marcos Wettreich
Bjs e boa sorte
Vivian Braunstein
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