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Ultimamente tenho me deparado com a mesma queixa das mães (principalmente
de meninos, mas não só deles) sobre crianças de7 a 10 anos, vivendo num mundo
acelerado de ipads, tablets, PS4 e Xbox One. Com isso, me vem à cabeça a
história de Alice no país das Maravilhas.
Vocês devem estar se perguntando o que Alice tem a ver com Minecraft,
Dragon City ou Clash of Clans. Tem a ver com afirmação e negação e com
encontrar seu lugar num mundo que nem sempre faz sentido. Principalmente para uma
criança saída do mundo da fantasia para enfrentar o mundo real. Os jogos eletrônicos
criam mundos imaginários aonde tudo é possível. Você pode minerar, chocar um
ovo de dragão, batalhar contra outros povos. É o prolongamento amadurecido das
histórias de heróis e princesas, que agora nossos filhos têm certeza que não
existem.
É uma forma de continuar criança ou o ingresso para o mundo
adulto ?
Alguns psicólogos afirmam que os games podem trabalhar a
timidez e o auto aprendizado, desenvolvendo raciocínio lógico e ampliando a
linguagem, já outros afirmam que os games podem incitar a violência, o
comportamento antissocial e queda no rendimento escolar. Depende. Depende da
criança e do ambiente em que está inserida.
De novo o que Alice tem a ver com isso ? Vamos relembrar a
história (idéia genial, mas muito mal contada por sinal) : Alice segue um
coelho de colete com um relógio na mão, cai num buraco, fica pequena e grande
uma porção de vezes, não tem mais certeza de quem é, embaralha os poemas que
aprendeu na escola e não acerta mais os resultados da multiplicação; conhece um monte de bichos falantes malucos e
acaba na mão da autoritária Rainha de Copas, que manda cortar as cabeças de todo
mundo, mas nunca cumpre as sentenças.
O que acontece com as crianças dessa faixa etária ? Estão
crescendo !!!!!! Seu corpo mudando e perdendo todas as roupas !!! Assim como
Alice, perdem as referências seguras da primeira infância, lidam com adultos que exigem compreensões que muitas vezes elas
ainda não tem e ouvem de seus pais, agora tidos como autoritários, que elas tem que aprender a se virar sozinhas, afinal "mãe não é para sempre" !!!!!!
E os games ? Ah, os games são o porto seguro, o local aonde
eles tem o controle, sem adultos por perto para mandar. Eles não aceitam
responsabilidades ? Muito pelo contrário.
Precisam alimentar e cuidar de dragões, buscar minérios para construir
ferramentas para caçar (se não sua Skin morre de fome), construir abrigos,
defender seu território. São responsáveis e organizados.
Como trazer para fora dos tablets essa responsabilidade,
agora parece ser o maior desafio dos pais. É preciso mostrar às crianças que
elas podem assumir responsabilidades também na vida real e isso pode ser tão
legal quanto Minecraft ou Clash of Clans.
Alice aprendeu sua lição, espero que nossos filhos também
aprendam antes de “perderem suas cabeças”.
Bjs e Boa Sorte
Vivian Braunstein
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