COMENTÁRIOS

Queridas mãe,

É sempre um prazer receber e compartilhar seus comentários à respeito dos post x suas experiências e dúvidas, todos sempre são publicados com muito orgulho, mas peço um enorme favor : NÃO MENCIONEM MEDICAÇÕES em seus comentários pois não poderei publicar. Não somos médicas e sim mães. Somente um médico pode receitar medicamentos e às vezes um remédio que é excelente para uma criança não faz efeito em outra podendo causar mais danos do que melhora.
Sei que posso contar com a compreensão e ajuda de vocês.

Obrigada por acreditarem nas minhas palavras e por compartilha-las.

Bj

Vivian Braunstein

PARA REFLETIR

Uma vez Fernanda Montenegro respondeu à Marília Gabriela que ser mãe é não dormir nunca mais. Concordo e acrescento: ser mãe é não parar de se preocupar nunca mais. Toda mãe é um pouco médica para cuidar, um pouco engenheira para construir com Lego, um pouco escritora para inventar histórias na hora de dormir, um pouco professora na hora de ensinar e muito mãe na hora de amar.







sábado, 26 de setembro de 2009

Barbie - é cor de rosa choque !!!!!!!!!!

Foto : - blogs.jovempan.uol.com.br/.../03/barbie-2009.jpg

Um amigo querido, que tem três filhas, veio reclamar que só escrevo sobre assuntos de meninos. Como este blog procura ser democrático e de utilidade para qualquer pessoa que crie uma criança (ou mais), independente de ser menino ou menina, esta semana vou compensar o post da semana passada (predominantemente um assunto masculino) e vou escrever sobre um assunto feminino. Sua sugestão foi que eu escrevesse sobre a Barbie, boneca que exerce fascínio em meninas de todas as classes sociais no mundo todo (ou quase).

Barbie é uma boneca criada no final da década de 50, graças à visão de uma mãe marketeira que percebeu nas brincadeiras da filha Bárbara (daí o nome, apelido da menina) espaço para a fabricação da primeira boneca com perfil de adulto. O que garantiu a longevidade da boneca, que fez 50 anos este ano, foi a associação do trabalho primoroso de marketing da Mattel com a evolução dos modelos oferecidos, acompanhando as evoluções da sociedade. Ou seja, as bonecas vendidas hoje, só têm em comum com suas antecessoras, o nome e as características básicas como feminilidade, correção de caráter, amor e amizades e sucesso.

Como uma mulher moderna, Barbie foi à luta. Dirigindo seu carrão, com celular e note book na mão, é executiva de multinacional. Porém esta imagem pode se dissolver no momento que a menina abre a caixa. Isso porque ela projeta na brincadeira a sua visão do mundo e a personalidade que aspira ter, e por isso a executiva pode transformar-se num segundo em atriz ou professora. No fundo o que atrai é a característica original da boneca, de mulher bonita e bem sucedida.

Muitos psicólogos e pedagogos são contra o ícone Barbie por acreditarem que ela introduza as meninas precocemente no mundo adulto e remetam a temas como sexualidade, futilidade e valores distorcidos, como preocupação com moda e aparência. Por outro lado há vários profissionais que defendem a importância real da boneca.

O que é preciso analisar é o fato de que a criança entra na fase da fantasia e da magia por volta dos 3 anos e precisa explorar e expressar este momento através das brincadeiras e da imaginação. Da mesma forma que meninos tendem à violência, meninas tendem ao glamour e por isso o sucesso dos contos de fadas (mais precisamente das princesas) até hoje, apesar do abismo cultural que separa a época em que forma escritos aos dias atuais.

A criança, na primeira infância está em busca da sua autonomia e muitas vezes se projeta no adulto que gostaria de ser. Não é melhor querer ser como a Barbie do que como Betty, a feia ? Ambas tem bom coração, mas uma é maravilhosa e a outra é uma pobre coitada.

A primeira infância é a melhor fase na vida de uma pessoa, quando é permitido sonhar. É a partir dela que formamos nossa personalidade e nossos valores. A magia e a fantasia fazem parte desta etapa e é por isso que não se conta à criança com menos de sete anos que Papai Noel não existe. A alegria desta fase pontua a forma como a pessoa irá encarar os desafios no futuro.

É claro que cabe aos pais ou responsáveis conduzir qualquer fase da vida dos filhos com moderação, mas não com severidade medieval. Estamos preparando cidadãos para um mundo melhor e não para Guerra dos 100 anos.

Por isso, não se preocupe se sua filha brinca de Barbie e quer ser princesa, ela só está expressando seus conflitos de crescimento, assim como os meninos falam palavrões, mostrando que são capazes de controlar seu corpo. Elas querem mostrar que são capazes de controlar seus sonhos.

Fonte :
As Bonecas da Contemporaneidade: Representações Midiáticas da Identidade Feminina. Disponível em : http://www.fazendogenero7.ufsc.br/artigos/H/Heberle-Almeida_02.pdf (26/09/09)
O Licenciamento de Marcas Estudo de Caso: Mattel do Brasil – Marca Barbie. Disponível em : http://www.ead.fea.usp.br/Semead/10semead/sistema/resultado/trabalhosPDF/48.pdf (26/09/09)
Barbie. Disponível em :http://pt.wikipedia.org/wiki/Barbie (26/09/09)


Bjs e boa sorte

Vivian Braunstein

domingo, 20 de setembro de 2009

Palavrões, escatologias e outros bichos


Dos dois aos 4 anos a criança aprende a controlar as funções fisiológicas o que é um passo muito importante na conquista da autonomia. Ao final deste ciclo ela começa a descobrir o próprio corpo e a explorar os sons que ele emite. É quando surge a fascinação por arrotos e puns bem como pelas palavras “bunda” e “pinto”.

Alguns psicólogos sugerem que a criança sente prazer ao dizer estas palavras e a ter estas atitudes, enquanto outros afirmam que esta é uma forma de desafiar aos pais. Talvez sejam os dois.

É nesta fase também, que a criança começa a falar palavrões, como forma de chamar a atenção e para expressar seus sentimentos. Ela aprende por imitação e apesar de não saber o que a maioria significa repete por compreender o “significado emocional” das palavras e as reações que provoca, ou seja, ela entende o “conceito” do palavrão mesmo sem saber o que é.

Durante a primeira infância, as influências mais fortes são a dos pais ou responsáveis. Ao ingressar na pré-escola repete as atitudes dos amigos como forma de ingressar nos grupos sociais. A repetição surge a partir dos responsáveis e/ou dos amigos.

Segundo o livro Mil dicas para entender seu filho de 0 a 7 anos, quanto maior a necessidade de sentir-se “limpo”, ou seja ter o controle fisiológico, maior a sujeira do vocabulário da criança, sendo esta máxima uma necessidade ao desenvolvimento infantil. Os autores colocam ainda, que todo este processo acontece no jogo do simbolismo. Como faz parte do crescimento, resta aos pais orientarem a criança aonde podem ou não se expressar.

Quando meu filho começou a falar alguns palavrões, procurei explicar o significado de forma que ele entendesse (sem conotações sexuais complexas) e pedi que não falasse. Realmente, na frente dos outros ele mantém o controle, mas em casa a história é outra. Tudo bem, desde que só em casa.

A maioria dos psicólogos não recomenda a proibição. Nesta idade a criança sente-se dividida entre agradar aos pais e contrariá-los em benefício de sua autonomia; por isso uma proibição confundirá ainda mais sua cabecinha e provavelmente a necessidade de autonomia e oposição aos pais vencerá. E a situação se inverterá : ao invés de falar escatologias em casa e se comportar na rua ele será um “santo” em casa e um “desbocado” na rua.

Apesar de terem motivos diferentes as atitudes nojentas e os palavrões são comuns às crianças pequenas e não significam que os pais não lhes dão educação. A psicologia moderna sugere sempre que os pais estejam ao lado dos filhos e conversem com eles orientando e ajudando a resolver os conflitos do desenvolvimento.

A nós pais, só resta a pergunta: Quando eles irão parar de nos desafiar ?

Deixo a dica de dois livros aonde encontrei as informações para este post. Pareceram interessantes, mas não li nenhum dos dois inteiros, somente os capítulos referentes a este assunto.

Mil dicas para entender seu filho de 0 a 7 anos - Harry Ifergan e Rica Etienne. Ed. Jorge Zahar, 2001.

Aprenda a ler seu filho – Lynn Weiss. Coleção Pais e Filhos, 2002.

Bjs e boa semana.

Vivian Braunstein

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Valores, religião e cidadania

Prometi para esta semana um post sobre a fase do escatológico, mas ainda não consegui pesquisar o suficiente para escrever. “Sorry mammys”, fica para semana que vem.

Esta semana resolvi falar um pouco sobre um assunto que acho essencial à formação de uma criança: os valores que vem de casa e a escola ou amigos dificilmente conseguirão ensinar a seu filho como você.

Até os 6 ou 7 anos a criança sofre fortes influências de seus pais ou responsáveis, por isso é importantíssimo não só ensinar como também dar o exemplo à respeito de valores, crenças e cidadania. Uma criança que aprende a respeitar o próximo, mesmo numa condição sócio-econômica inferior a dela cresce um adulto mais justo e até mais preparado para o mercado de trabalho, por aprender a conviver com a diversidade de forma justa e equilibrada.

Não vou fazer apologia a nenhuma religião, mas ter fé, acreditar e temer (sem exageros ou fanatismos) também são valores fundamentais. A criança precisa entender que o Natal é muito mais do que ganhar presentes, sem contar que o mito do Papai Noel alimenta a fantasia e reforça a máxima do bem sendo recompensado no final, questão também ilustrada nos contos de fadas. Este tipo de simbolismo existe praticamente em todas as religiões, mas não adianta querer explicar o que é Deus ou outros assuntos mais complexos, pois nesta fase a criança não está neurologicamente preparada para absorver o abstrato, apesar de começar a conviver e se interessar pela morte.

É a partir dos ensinamentos e exemplos vindos de casa que construímos o comportamento futuro de nossos filhos. Se você ensina a não jogar papel no chão, também não jogue, se ensina a escovar os dentes, escove os seus na frete dele, e assim por diante. Para a criança, não só na primeira infância, mas principalmente nela, tudo o que os pais fazem é o correto. Na adolescência surge a fase da contestação de valores, porém na fase adulta estes valores automaticamente voltam, principalmente quando nossos filhos viram pais.

A referência da mãe é muito forte na criação e mães e pais, acabam resgatando os valores de suas mães quando vão educar seus filhos.

Iniciei a conclusão da minha monografia com esta frase, que enxergo como um resumo do nosso comportamento na vida: “O ser humano busca modelos desde o momento que percebe que não é mais uma extensão da mãe até que se transforma, ele próprio, num modelo a ser copiado”. Por isso cuidado com o modelo que mostra para seu filho e com o modelo que está ajudando a construir para ele. Se você grita, ele gritará de volta, se você dá amor, ele lhe retribuirá mesmo entre birras.

Então como ficam os limites? Eles precisam existir também, pois fazem parte da vida. Infelizmente ou felizmente ninguém pode sair por aí fazendo o que quer. Acho que colocar limites é a parte mais difícil da educação, mas é necessário e a criança entende que a bronca, o castigo, a negociação também são formas de amor.

Acho triste ver meninas de 8 ou 9 anos andando na rua ao lado da mãe com sapato de bico fino e salto alto e com maquiagem no rosto. Ser feminina e vaidosa é muito legal, mas tudo tem sua hora e a mãe precisa saber dizer que não é nesta idade que se usa este tipo de sapato ou de maquiagem. São momentos pontuais como estes que fazem a diferença sobre a segurança e auto-estima da pessoa na fase adulta.

Resumindo, dê o bom exemplo, ensine seu filho a respeitar os outros, a acreditar em algo, e a respeitar a cidade, o país e o mundo aonde vive. Ensine-o a usar com sabedoria os recursos naturais para que a vida continue como ele a conhece. Diga-lhe com firmeza que aquele não é o momento ou que aquele é o momento.

Está em nossas mãos transformar o mundo num lugar melhor para se viver, basta passarmos para os nossos filhos os valores em que acreditamos.

Bjs e boa sorte

Vivian Braunstein

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Sexualidade na primeira infância



Ilustração : http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/foto/0,,15368952-EX,00.jpg

Alguns amigos me pediram para escrever sobre a fase do escatológico, principalmente quando os meninos começam a acrescentar ao repertório palavrões além das palavras “bunda, pinto e pum”. Ainda não encontrei explicações satisfatórias, mas esbarrei no tema do início da sexualidade infantil e achei que seria bem interessante comentar. Quanto às escatologias vou pesquisar mais um pouco e semana que vem eu posto.

Segundo Freud, por volta dos 3 anos a criança passa da fase anal aonde aprende a controlar as necessidades fisiológicas, para fase fálica, onde descobre se tem ou não pênis. Trata-se da descoberta da presença ou ausência dele. Com isso surge a diferenciação pelo sexo e o interesse pelo próprio corpo. É uma fase de descobertas que coincide com a fantasia e o faz de conta.

É por volta dos 4 anos que o lúdico e o faz de conta estão no auge, assim como a curiosidade a respeito do próprio corpo. Por isso crianças brincam de família, de personagens e de heróis, independente do gênero, pois se projetam no outro por terem adquirido a consciência de que existe o outro.

Nesta etapa algumas mães ficam preocupadas por seus filhos quererem brincar com bonecas ou suas filhas querem brincar com carrinho ou bola. Pode ser preocupante como pode ser normal. A criança de 4 / 5 anos dramatiza as situações cotidianas e também as absurdas. Num momento o menino é o pai que dá banho no bebê (super normal se o pai dele dá banho nele) e no outro a menina vira a Super Gata ou outra heroína para lidar com os conflitos da idade. Isso não tem nada a ver com desvios de sexualidade.

Capítulo a parte são os bonecos de personagens. Na pesquisa que fiz com 62 famílias de classes A, B, C e D com filhos entre 1,5 a 6 anos, para o trabalho de conclusão do meu MBA, 19% das crianças das classes A e B pedem bonecos de personagens sendo atendidos por seus pais, enquanto 44% das crianças das classes C e D fazem o pedido, mas somente 28% são atendidos. Mesmo assim, são números consideráveis que mostram o quanto a criança de hoje está mais perto de seus personagens preferidos, tendo nos bonecos a materialização da fantasia. Nesta categoria, não existe feminino e masculino, e sim a turma. Qual a graça de brincar só com a Mônica sem o Cebolinha e vice versa ?

O fenômeno do momento no universo infantil masculino é o Ben 10. Sem a Gwen (prima com quem o menino disputa o tempo todo) não há brincadeira completa, assim como não dá para brincar sem os aliens em que ele se transforma. É um conjunto que forma a fantasia e enriquece o repertório.

Alguns psicólogos e pedagogos acabam orientando as mães pelo modelo clássico, e sugerem que se o menino ou a menina tem comportamento ou deseja brinquedos originalmente destinados ao sexo oposto, que ele ou ela seja colocado em maior contato com pessoas e objetos do seu próprio sexo. Concordo parcialmente com isso. Se todo herói tem uma amada, porque o menino não pode ter os dois bonecos ?

Se a maioria das mulheres dirige, porque a menina não pode brincar de carrinho ?

Quando houve a campanha das Meninas Super Poderosas no McDonalds, muitos meninos quiseram e seus pais não deixaram, sem saber que apesar de meninas, são personagens masculinos por serem aventureiras e heroínas. O fato de serem meninas é só um mero detalhe comercial para agradar também ao público feminino.

Vivemos hoje uma mudança nas estruturas comportamentais da sociedade. Quando estudei os contos de fadas encontrei vários psicólogos contra o modelo de mulher frágil e passiva, mas estes mesmos profissionais recriminam a menina que brinca de bola ou gosta de futebol. Se pensarmos pelo lado bom, no mínimo quando ela se casar (com um homem !!!) não haverá briga pelo controle remoto pois os dois assistirão ao futebol sem discussões.

Feminilidade e masculinidade estão ligados a uma orientação saudável e aos hormônios.

Um menino não deixa de ser menino se ao brincar dá banho no bebê ou seu herói tem namorada e uma menina não deixará de ser feminina se gostar de futebol. O que vejo aqui é uma incongruência de idéias. Crianças são crianças e hoje infelizmente isso acaba por volta dos 7 anos quando as meninas já querem ser mulheres.

É preciso levar em conta também que as referências mudaram com mães que trabalham fora e pais mais presentes. Ou seja, os modelos são outros. Educa bem quem percebe isso. A criança é um reflexo da família e se seu filho vê você fazendo alguma coisa vai querer imita-lo. Por isso cabe a nós como pais orienta-lo do que podem ou não fazer. Menino dar banho no bebê pode, passar batom não. Menina jogar bola pode, xingar não. E assim por diante.

Vamos deixar nossos filhos descobrirem seus corpos (o meu levantou a saia de todas as manequins numa loja de departamento para ver se elas tinham bunda – faz parte !!!) e brincarem a vontade.

Acredito muito nesta geração criada com mais consciência e informação. Torço por nossos filhos e que eles, sem preconceitos, possam fazer do mundo um lugar melhor para se viver.

Bjs e boa sorte.

Vivian Braunstein